terça-feira, 16 de março de 2010

QUAL O SEXO DO SEU CÉREBRO

Qual o sexo do seu cérebro?Postado por Douglas Duarte em 12 de março, às 17:26 em Notícias Comentários (2) - BLOG O LIVREIRO
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Homens são de Marte, mulheres são de Vênus, diz a frase puída. É até título de livro. Os anos passam, o feminismo consegue boa parte de suas conquistas, mas algo parece nos dizer que há, sim, alguma coisa inerente a “ser homem” ou “ser mulher”. Ainda que Gilberto Gil cante que um dia viveu a ilusão de que ser homem bastaria e que Pepeu Gomes faça coro dizendo que ser um homem feminino não fere seu lado masculino, quase ninguém concorda. Ser homem implica certas coisas, mulher outras. E isso a despeito da opção sexual. Mas qual o sexo do seu cérebro?
Agora parece que é possível descobrir, num teste com perguntas simples. O questionário foi elaborado por cientistas ingleses e está disponível – na língua de Shakespeare – no site da BBC. Dá pra entender duas coisas do teste. A primeira: você é visto como “mais adequado” – ou seja, mais normal – se tem um cérebro do mesmo gênero que seu corpo. Mas, pelo outro lado, fica claro que é possível ter as bolas trocadas: cérebro de mulher em corpo de homem e vice-versa. (A quem interessar, o meu saiu quadradinho, cérebro de homem em corpo de homem, embora com diversos traços femininos comuns a quem tem interesse por artes e comunicação).
Durante o teste, responde-se desde questões de organização espacial, memória, interpretação de expressões faciais, até empatia e coisas mais complexas. Ser mais empático e falante lhe joga para o lado das mulheres. Mais organizado espacialmente, entre outras coisas – preciso confessar que são talentos que me parecem bem sem-graça – fazem de você “mais homem”. De novo: nada disso tem a ver com orientação/opção/preferências afetivas.
Ou seja: de uma forma sofisticada, é uma reiteração daquela velha coisa da mulher-mãe e do homem caçador. Seria interessante fazer esse teste em civilizações em que esses valores são virados de ponta a cabeça. Essa cruza com a antropologia ia deixar a discussão bem mais rica.
Mas olhando isso, como julgar a última cerimônia dos Oscars? Todos saudaram o primeiro Oscar de direção a uma mulher, dado a Kathryn Bigelow por Guerra ao terror, especialmente saboroso levando-se em conta que ela ganhou com uma produção minúscula e barata de um caríssimo arrasa-quarteirão em 3D, o filme mais rentável da história do mundo, Avatar, dirigido por ninguém menos que seu ex-marido James Cameron.
Mas espere um instante. Será que foi mesmo o feminino que ganhou ali?
Guerra ao terror trata do dia a dia de três brutamontes de um esquadrão antibombas americado lotado em Bagdá. Um filme de explosões, tiros, facadas, músculos, suor. Tudo é árido, áspero e bege. O primeiro filme de algum sucesso de Kathryn, Caçadores de emoção, mostrava assaltantes de banco viciados em esportes radicais. Em ambos a tela grita: testosterona! (em que pese as notas de homoerotismo, mas deixemos isso quieto).
Cameron, por outro lado, mostra a luta de uma sociedade que vive em plena harmonia com a natureza – alguns sublinhariam: com a mãe-natureza – e que se defendem de invasores (que parecem saídos dos filmes de Bigelow, aliás) para proteger seu modo sereno de vida. Eles só conseguem isso depois de unir diversas tribos distantes. A cena foi cortada do filme, mas a cena de amor entre mocinho e mocinha mostra que os Na’vi de Cameron fazem sexo (ou amor, não sei) enlaçando suas tranças sensíveis (algo como uma conexão USB), o que conecta seus cérebros diretamente, num nirvana de sensações. O planeta todo é colorido, luminoso, onírico. Não é demais lembrar que Cameron foi o diretor de Titanic, talvez o mais popular melodrama romântico do cinema mundial.
Cabe perguntar: o que os dois diretores nos dizem sobre ser homem e sobre ser mulher no começo desse século?

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